Uma reportagem do Jornal Nacional, veiculada na noite desta quarta-feira
(15), aponta o Maranhão com um dos piores índices sociais do país. O
telejornal da Rede Globo citou os últimos números do IBGE, segundo os
quais o PIB do estado cresceu 15,3% entre 2010 e 2011. Bem acima do
crescimento do Brasil no mesmo período, que foi de 2,7%.
Mas o problema, segundo a reportagem, é que esse crescimento não se
traduziu em melhoria de vida para os moradores. “O Maranhão é também um
dos piores nos índices sociais do país, e estas desigualdades também se
refletem na segurança pública do estado”, diz o Jornal Nacional. Nesta
reportagem:
“A capital do Maranhão ganhou as manchetes nas últimas
semanas depois de uma onda de violência nos presídios do estado. Presos
foram mortos por companheiros de cela. De dentro da penitenciária de
Pedrinhas, partiram ordens para que ônibus fossem incendiados. Uma
garota de seis anos morreu queimada. Uma semana depois, a governadora
Roseana Sarney, do PMDB, se pronunciou sobre os ataques. A
primeira entrevista da governadora foi depois uma reunião com o ministro
da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ela associou o aumento da violência,
ao crescimento econômico do estado.
“É um estado que está se
desenvolvendo, um estado que está crescendo. E um dos problemas que está
piorando a segurança é que o estado está mais rico, mais populoso
também”, disse Roseana Sarney, PMDB, governadora do Maranhão.
O
crescimento do Maranhão mencionado pela governadora, e a qualidade de
vida da população do estado, são o assunto da reportagem de Tiago Eltz.
De fato, é verdade: o Maranhão ficou mais rico. De acordo com os últimos
números do IBGE, o PIB do estado cresceu 15,3% entre 2010 e 2011. Bem
acima do crescimento do Brasil no mesmo período, que foi de 2,7%. O
problema é que esse crescimento não se traduziu em melhoria de vida para
os moradores. O Maranhão é também um dos piores nos índices sociais do
país.
Palafitas no centro de São Luís - MA |
São Luís é uma cidade turística, com muitas praias. O
palácio do governo, um prédio imponente, fica à beira-mar. De lá se tem
uma visão privilegiada das desigualdades da cidade.
Proporcionalmente
à população, em nenhum estado do Brasil morrem mais crianças do que no
Maranhão. A média é quase o dobro da nacional. E quem vive lá, vive
menos. O Maranhão é o único estado onde a expectativa de vida não chega
aos 70 anos. A média brasileira é de quase 75 anos. É só chegar às
áreas mais pobres para entender o porquê.
“Estou muito tempo sem água
aqui. Nós estamos nos aventurando para ver se a gente consegue alguma
coisa. Até vir uma limpa. Agora está fedendo”, declara Uéldon dos
Santos, desempregado. Lá, metade da população não tem água tratada em
casa. Quase 90% não tem esgoto. “Meu filho até pegou problema de rim
porque a água aqui é cheia de infecção”, conta Josenira Pereira, dona de
casa.
Os contrastes estão por todo lado. Em um local o progresso
chegou com a construção de uma avenida e mudou a vida dos moradores, mas
não do jeito que eles queriam. Em uma área que alagava todos os dias
com a maré, a construção da avenida criou uma espécie de represa. Agora a
água não chega e limpa a região, que não tem nenhum tipo de saneamento.
Com isso, todo esgoto, todo o lixo acabam parados debaixo das casas.
Para
o especialista Marco Antônio Carvalho Teixeira, os números dão um
recado claro: “O que isso significa? Significa inclusive que se há
riqueza no estado. Essa riqueza está concentrada nas mãos de poucos.
Indica que um conjunto de questões ligadas a políticas públicas, que
deveriam estar sendo oferecidas para os cidadãos – que vai desde
atendimento médico, atendimento em hospital, a infraestrutura,
saneamento – estão falhando”, afirma Marco Antônio Carvalho Teixeira,
cientista político da FGV.
As desigualdades no estado se refletem
também nas estatísticas sobre segurança. O Maranhão tem a pior relação
de policiais militares por habitantes. Tem um PM para cada 916
moradores. São Paulo tem um PM para cada 462, e o Rio um para cada 371
habitantes.
A governadora Roseana Sarney foi insistentemente
procurada pra falar sobre o quadro que essa reportagem apresenta, mas
preferiu que o secretário de desenvolvimento social falasse.
O secretário Fernando Fialho diz que as políticas sociais já apresentam resultados, que começam a ser sentidos pela população.
“A
melhoria das condições sociais no Brasil tem sido um desafio que tem
sido enfrentado de frente por todas as esferas do governo. A redução da
extrema pobreza, vale salientar, no Maranhão, nesses últimos anos, nós
tivemos um redução captada pela PNAD, agora de 2012, de 22% para 12% na
extrema pobreza do Maranhão” Fernando Antônio Brito Fialho. secretário
de Desenvolvimento Social do Maranhão.
De acordo com o secretário,
por causa da lei de responsabilidade fiscal, o estado teve que sanar as
dívidas para depois começar a investir, o que aconteceu a partir de
2012. Ele destacou a construção de estradas ligando o interior do
estado, o que facilitará o acesso a produtos e à saúde, além de melhorar
a economia, com escoamento mais rápido da produção.
“Com o
funcionamento da rede total de hospitais que estão sendo feitos no
estado, com a melhoria dos acessos a todas as cidades, interligação
através de rodovias, que permitam o melhor fluxo econômico do estado com
a conclusão desses investimentos que estão trazendo mais oportunidades
de emprego/renda, com a capacitação que está acontecendo, eu não tenho
dúvida de que essa realidade, que já está mudando, como demonstram os
indicadores de forma mais acelerada, agora nos próximos dois a quatro
anos seguintes, será diferente”, declara o secretário de Desenvolvimento
Social do Maranhão.
Da Redação do Jornal Nacional