Do Blog do Raimundo Garrone
Hospedado no Palácio dos Leões, o senador
José Sarney ordenou que a Assembleia Legislativa arquivasse o pedido de
impeachment da governadora Roseana Sarney, sem o devido trâmite
estabelecido por lei e pela moralidade pública.
José Sarney e Arnaldo Melo |
Ao atender o telefone, Arnaldo ouviu e depois repassou para os deputados ali reunidos, o que pedira Sarney.
Ele nunca manda, sempre pede!
Todos
ouviram e “resolveram” apoiar a tese do arquivamento imediato, até
então defendida apenas por Roberto Costa, que temia que uma mobilização
da sociedade pelo impeachment levasse alguns deputados, de olho na
própria reeleição, a votar pela abertura do processo de cassação.
Quando
Arnaldo confirmou que a tese defendida por Costa era a expressão dos
desejos de Sarney, todos os nobres parlamentares acataram o singelo
pedido de um pai, que não quer ver a filha sangrando.
Daí
esse pavoroso parecer jurídico, que dentre outras pérolas, argumenta
pelo arquivamento por falhas processuais como a ausência de uma cópia
com firma reconhecida e rubricada folha por folha, segundo determina o
Regimento Interno da Assembleia.
O
mais interessante no parecer assinado pelo procurador-adjunto da AL,
Djalma Brito, é que ele faz a própria defesa do governo ao procurar
justificar a inexistência de justa causa para dar início a um processo
por crime de responsabilidade.
E o que
é pior, uma defesa sem soluções concretas para os problemas em
Pedrinhas. O parecer diz apenas que “tem-se notado que a governadora do
Estado Maranhão tem adotado medidas para conter tais fatos, de modo que
juntamente com o Ministro da Justiça, Sr. José Eduardo Cardozo,
anunciaram na semana que passou um pacote de medidas com objetivo de
resolver os problemas no sistema carcerário do estado. Dentre os onze
pontos anunciados, podemos destacar a criação de um comitê gestor da
crise no sistema carcerário, que deverá contar com medidas integradas
dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário locais”.
Demais, não?
No
pedido de impeachment apresentado na terça-feira pelo Coletivo de
Advogados de Direitos Humanos (CADHU) foram citadas duas razões para
acusar Roseana Sarney de crime de responsabilidade. Para o Coletivo, a
peemedebista atentou contra o exercício dos direitos individuais e
sociais dos detentos. Na visão do Coletivo, Roseana aceitou que
subordinados abusassem dos seus poderes e, além disso, teria violado
direitos constitucionais.
Participaram
da reunião na Assembleia que decidiu pelo arquivamento imediato, os
deputados Arnaldo Melo, Roberto Costa, César Pires, Zé Carlos da Caixa,
Vianey Bringel, Antonio Pereira, Carlos Alberto Milhomem, Edilásio
Júnior, Alexandre Almeida e Afonso Manoel.
A
reunião acabou quando chegou sem ser convidado, e para o espanto de
todos, o deputado Raimundo Cutrim, que rompeu uma longa aliança com o
grupo Sarney.
O silêncio foi sepulcral…